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Carta ao bebê

Oi bebê! Ainda não vou perguntar como está você, por razões óbvias. Freud iria dizer que é porque você não consegue distinguir seu ego do mundo externo. Talvez o correto seria te chamar de feto, mas por conta do meu afeto, prefiro bebê. Mas já vou te dizer como estamos. Acho que estamos todos passados por uma surpresa boa, saber que você vai fazer parte das nossas vidas de um jeito muito especial, pioneiro, único!

Aos poucos e cada vez mais, parece que estamos compartilhando de um sentimento oceânico em nossa família. Embora a titia não saiba bem o que é isso, um dia vou tentar te explicar e mostrar como dois amigos podem conversar de coisas profundas, estranhas, mesmo sem concordarem um com o outro, e ainda assim, aprenderem juntos sobre os mistérios da vida. E assim, curtir a vida.

Quando a titia viu sua primeira foto, logo comparei você a um feijãozinho lindo. Calma, não fique chateado porque a titia te comparou com um legume. Logo logo você vai ganhar apelidos, e vai perceber que os seres humanos enamorados comparam seus objetos de amor a algo que incorporam prazerosamente. E logo também vai aprender a falar o que gosta e o que não gosta. E aí vai poder reivindicar seus próprios apelidos : D

Mais uma vez, explico a magia do feijãozinho para você, e para mim também, afinal, estou incorporando a ideia de ser titia pela primeira vez! Quando a titia começou a estudar (você vai ver como isso é bom!) uma professora pediu para que plantássemos um grão de feijão e fomos acompanhando como ele cresce, quando cuidamos dele.

Aqui na nossa família, ninguém tem experiência para cuidar especificamente de você, pois afinal você está estreiando no palco da vida e ainda que já faça parte de nossa família, com certeza vai ser diferente de todos nós. Até o vovô e a vovó, que tem uma sabedoria de cuidar de filhos, vão ser estagiários com você. Mas garanto que estamos nos preparando da melhor maneira possível para você aproveitar bastante essa coisa boa que é conviver com os que te amam.

Fique sabendo que você mesmo ainda tão pequenininho como esse ser feijãozinho de 5 semanas e sete dias, já está mexendo com nossas fronteiras, nossas geografias, expandindo territórios reais e fantasiosos, ganhando espaços, tomando formas, mostrando paisagens emocionantes, surreais e inconscientes. Estamos todos, de alguma forma, dando algo que não temos, e por isso, amando você. #titiaemocionada

Tia, pela primeira vez.

Goiânia, 21 de outubro de 2016.

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