Ensaios

Cartema aos fazedores de pessoas vai-idosas: três versos nunca são demais

Seu rosto é seu cartão de visitas
Diz o discurso estético
Mais disseminado

Os médicos sendo os mais visados
Pra reprodução do argumento do
Bem envelhecer

Alerta de perrengues
Não abala adesões
A decisão transhumanista

É ética?
É Técnica?
É estética?

Ingênuo desconhecido
É você quem bate na porta
Do almejado não-saber?

Todas as alternativas anteriores
Nunca são demais aos
Passados por poucas e boas

Ou pior dizendo
Muitas e péssimas
Reações, adversidades

Culpas da indústria farmacêutica,
Ideológica, genérica, agista,
Que não faz pesquisa ou não se analisa

Máquinas de fazer pensares
Deformados,
Desarmonizados,

Que males inesperados
Se pode esperar
Com os enganos das verdadeiras idades

Dos atores-plateia que buscam
Masturbar um imaginário
Da beleza sem defeito

Reproduz o gosto formal
pela firmeza da juventude frágil
Que deve ser induzida

Custe o que custar
Um verso extra sem rima,
descabido, murcho
Deslugarizado

E o cartão de visitas
Serve para que?
Serve para quem?

Um primeiro passo para venda
Da própria cara
A imagem de « gente bonita »

Que só recebe carimbo de aprovação
Com a cara de quem dorme bem
Não tem ruga de preocupação

Canta forever young com orgulho
E paga caro pra ter voz
E paga com a própria cara

Pra ter rosto que se aguente
Pra alinhar e afinar as contas
Dos prejuízos de envelhecer

Perder o olhar
Perder o amor
Perder o desejo

Perder o tesão
O que é que pode ser um trem bão
Sem ser castração?

Quem tem cara de pau
Pra falar que não se preocupa
Com a aparência?

Questão de Eu-Pele
Que desaparece
Na pele de onagro

Dra. Elise Alves dos Santos,

Goiânia, 02 de outubro de 2024

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